terça-feira, 3 de julho de 2012

Ecos do passado ( ficção)


Phoenix. jpg

Tempo passado, tempo vivido, tempo que se vive e tempo em que se viverá  e, sempre haverá uma incógnita, mas ecos do passado me da uma raiva danada de não poder voltar o tempo e modificar os feitos por obrigação, gostaria de ser uma bruxa para desfazer um passado cruel, sem poder ter opiniões próprias, de dizer sempre amém, não poder escolher minha profissão, meu marido, minhas roupas, minha religião, meus passeios e nem o direito de dar boas gargalhadas. Era feio: moça tinha que cobrir suas vergonhas, que vergonhas? Mostrar os joelhos era vergonha...Esse passado era uma mentira, pois o pecado, a traição e o fanatismo religioso sempre existiu às ocultas e o que as jovens faziam para ter um pouco de liberdade: mentir...mentir agora e todo tempo, namorar às escondidas e algumas bobinhas até engravidavam: coitadas, seus castigos eram cruéis.
Jovens lindas e buchudas, como diziam, eram expulsas de casa e sabem onde seriam suas moradias? Os bordéis da vida, ali tinham seus bebês, acabando a dieta, tinham que dar duro com aqueles homens nojentos e inescrupulosos até quando envelhecessem, algumas tinham sorte e eram levadas dali para se casar com algum apaixonado (era raro, mas acontecia) e hoje, relembrando meu passado sinto nojo de não me rebelar contra aquela escravidão advinda de uma criação patriarcal prepotente e sem nenhum carinho por seus filhos e mulher. Em falando em esposas, naquele tempo, no outro dia após o casamento, elas ganhavam de presente do seus brutos maridos: um avental, um lenço e uma enxada para trabalharem como umas bestas selvagens e aguentarem a embriaguez de seus maridos, que aos finais de semana chegavam de madrugada, pois passavam as noites na zonas com as damas perfumadas e ai se dessem um "piu", apanhavam até desfalecerem.
Eu tive um pouco mais de sorte, casei-me com um rico fazendeiro, deixando para traz o amor proibido da minha vida. Era um homem um pouco mais educado, mas nada carinhoso e na hora de fazer amor era como um cão selvagem que ao satisfazer-se,  não  preocupava se eu sentisse prazer ou não, virava o traseiro para mim, a besta da sua mulher, e roncava feito um porco gosmento, mas... enfim não precisava trabalhar, tínhamos nossos empregados e os filhos nascendo a cada ano...
Ai, que raiva desse passado... Mas agora vou passar uma borracha na minha mente, apagar os ecos do passado, pois hoje sou feliz e tenho lindos netos que são a razão do meu viver.

OBS: Essas mulheres são de um tempo bem longínquo que hoje já descasam eternamente em suas tumbas. Que horror!

Um comentário:

  1. Se não apostasses a sigla "Ficção" diria haver passado nestes caminhos, visto desta gente, decerto até convivendo no seu meio, mas que não foi ficção.
    Uma retrospectiva ficcionada que bem se assemelha ás realidades da Vida.
    Parabéns pelo grito.


    Beijos


    SOL

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