quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Uma carta que ficou no baú



O~GVIQ~

Hoje acordei com uma doce saudade de ti, então, abri meu baú das recordações, peguei uma carta que iria enviar-te naquela noite estrelada, onde todos os dias íamos nos encontrar. O tempo passou, tu sumiste para outra cidade, deixando-me um endereço. Nunca mais voltou.

Meu amor

Ao completar quinze anos, apaixonei-me por ti, olhava aqueles olhos azuis da cor do céu, meu coração parecia não caber em meu peito e tu já mais maduro do que eu levou-me na conversa e eu me entreguei a ti.Nosso amor parecia tão belo como um estrela febril e, deitados na relva fresca, era um ritual de amores. Me chamava de pequena princesa, minha loucura de amor. Ah! Como te amava, meu coraçãozinho batia forte de emoção quando me beijava, rolava tuas mãos no meu rosto e dizia-me: como tu és bela, garota, minha princesinha de olhos negros como a noite escura.
No outro dia, na mesma hora fui ao encontro de ti. A noite estava fria, as estrelas estavam tristes e a lua...   
Fingia que não me via. De repente umas nuvens carregadas com grossos pingos desaguou no meu frágil corpo.Fiquei com medo e toda molhada, escondi-me entre umas pedras e um grande raio caiu quase perto de mim e naquele relampejo da cor do fogo eu consegui ler: ele não volta mais.
É, realmente tu não voltavas mesmo, vinte anos se passaram e, hoje aqui sentada na sala, enquanto nossa jovem filha dorme, releio esta carta que não consegui te entregar. Fiquei triste porque nem um adeus me deste.
Nesse instante batem à porta: vi e não acreditei, aquele farrapo de homem era meu amor dos quinze anos.Implorava um perdão, mas antes de qualquer conversa, dei-lhe uma toalha e um roupão e pedi que fosse tomar banho e se barbear. No instante que se banhava, meu coração disparava, o amor não tinha morrido, nisso nossa filha Isabel acordou e perguntou: Quem está aí mamãe? É seu pai que nem te viu nascer. A curiosidade da jovem aguçava, foi nesse instante que seu pai abriu a porta do banheiro e ao ver aquele rosto lindo, parecido com o teu, chorou.Pegou tua filha no colo e gritou: tu és meu segundo amor, foi aí que ela percebeu que aquele homem era teu pai.
Durante o jantar, meu amor disse que havia sido preso por engano e, só agora conseguiu provar sua inocência e foi entregar os papeis a tua amada, ela recusou e disse:
Eu acredito em ti, meu amor está mais forte do que antes, a filha sorria e, agora que temos uma garota linda para criar, vamos dar vivas aos céus e ficarmos os três juntinhos numa imensa felicidade.
No outro dia à noite enquanto a filha dormia, saímos sorrateiramente e fomos ao mesmo lugar onde nos encontrávamos quando bem jovens. As estrelas brilhavam forte, a lua nos vigiava feliz e, naquela noite não choveu e, ali naquela mesma relva recordamos a nossa paixão.

Dorli Silva

4 comentários:

  1. Oi,Dorli!!
    Amei seu post!
    Tenha uma noite abençoada!
    Beijos,soninha.

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  2. Bom dia,Dorli!

    parabens,belíssimo trabalho.
    vera portella

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  3. Lindo blog diversificado!

    Gostei e fiquei!


    abração!

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  4. Que bom que todas as histórias terminassem assim com um final prá lá de feliz!!Belo texto!
    Abraço!

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