terça-feira, 19 de maio de 2015

No pé da colina



espiritizarja.blogspot.com/



No pé da colina, moramos eu e minha velhinha, meu filho e minha nora. Cada um tem seu cantinho para cuidar do jeito que mais gostar. Morar aqui parece estar longe do céu; mas perto da noite acontece o maior espetáculo que Deus criou: o pôr do sol.
É lindo ver a claridade do dia sumindo com os raios do sol entre as frestas das árvores da colina, olhamos o seu descanso e à noite chega trazendo a maravilhosa lua, as estrelas coloridas batendo suas luminosidades na lua que é a eterna musa dos apaixonados.
Nós aqui dormimos cedo, pois o amanhã é trabalhoso. Acordamos antes do alvorecer e já no trabalho na nossa rocinha, o amanhecer chega sorrindo. A água do açude brilha, o calor emana todos os seres vivos: o chilrear dos pássaros, o coaxar dos sapos,o mugir do boi, o rosnar do gato, o mugir da vaca, o relinchar do cavalo, o cacarejar da galinha, o roncar dos porcos formando uma sinfonia que encanta nossos ouvidos.
No meio do trabalho, ouvimos o sussurro do vento trazendo um véu de neblina e olhando para o alto, as nuvens escuras estão cobrindo toda a nossa rocinha: é a chuva que cai brilhante com os raios do sol. Pegamos nossos embornais e ferramentas de trabalho e fomos nos esconder no nosso pequeno cômodo onde guardamos os milhos secos para a venda.
A chuva já estava ficando amena, então ali mesmo pegamos nossas marmitas para almoçar(era boia fria mesmo) e bebíamos água retiradas d'uma moringa de barro, cada um tinha sua caneca esmaltada. Depois do almoço, ainda caindo uma pequena chuva, adormecemos ali mesmo. Acordamos para voltar para casa, o chão estava em charcos e afundávamos com os pés e as botinas nas mãos.
Aqui começa a primavera. Minha nora cuida da sua casa e do seu jardim tão belo quanto ela e como presente da natureza pôde ouvir o desabrochar da primavera e o tinir das asas dos insetos. A tardezinha vinha a minha casa fazer o pão e colocar para assar no forno do fogão a lenha e preparar minestrone numa imensa panela para tomarmos com o pão.
Todos os dias à noite, sentávamos uns na soleira da porta e outros em pedaços de troncos feitos como banco e cantávamos ao som do violão que meu filho tocava e as crianças com suas caixinhas de fósforos à procura de pirilampos.



11 comentários:

  1. Que conto lindo, fez-me recuar no tempo. Adorei

    Beijinhos

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Linda e bucólica cena nesse conto tão inspirado! bjs, tudo de bom,chica

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  3. Sabe quando a gente termina de ler e suspira profundo! Pois é!

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  4. Que conto mais lindo Dorli, me vi ai.
    Parece que estou vendo a tulha cheia de milho...
    É igualzinho a vida lá no sítio dos meus pais em Minas. E que eu amava!
    Adorei ler!
    Beijão amiga,
    Feliz dia pra você!
    Mariangela

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  5. Eu nunca morei assim no campo em lugar tão bucólico,mas sei que deve ser maravilhoso.
    A caixinha de fósforos me deixou lembrar das férias que passei com meu neto em uma fazenda e que ele desejava conhecer vaga-lumes,para
    colocá-los dentro e depois soltá-los.
    Adorei o conto Dorli.
    Bjs-Carmen Lúcia.

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  6. Oi, Dorli!
    A vida simples do campo, agora, só na lembrança mesmo!
    Beijos!

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  7. Oi Dorli!
    Lindo conto, lembrei das minhas férias no sítio dos meus avós, era mais ou menos assim, e o clima era de uma alegria constante, amei!
    Beijos!

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  8. Discordo de você quando diz que parece estar distante do céu. Com esse cenário está é perto do céu, isso sim. Beijos, Dorli.

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  9. Olá Dorli! Como está?
    Só quem já morou no campo e revolveu a terra para colher seus frutos possui essa capacidade de se ligar e entender Geia. Seu texto me permitiu reviver tempos que ajudaram a compor o que hoje sou. Maravilha!
    Um grande abraço!

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  10. Bom dia mãezinha !
    Gosto de tudo relacionado a natureza. Viver no campo, é estar na paz, é respirar ar puro, tranquilidade e até inocência. Outro conto que amei. Parabéns sempre.

    Beijos,
    Abraços,
    Benção,

    Dan.

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