sábado, 12 de janeiro de 2013

Clamor à natureza furiosa...





Venham furiosas nuvens negras
Não tenho medo das suas destruições
Venham acabar com meu sofrimento
Venham tirar-me dessa magoada solidão

Não tenho mais vontade de viver sofrendo
Meu peito dói a lança que enfiaram em mim
Dilacerou meu coração aquele bandido amor
Destrua minha vida, mas leve a dele também

Quem és tu a praguejar sua vida? Disse a pomba
Você foi feita para reinar, atravesse o morro e verá...
Um suntuoso castelo e um príncipe está a esperá-la
Não se deve chorar por quem não nos ama mais

Descalça desceu o pequeno morro, deslumbrou...
Num cavalo negro, um jovem dourado apareceu
Suba para a minha vida, disse o jovem cheio de amor
Vamos viver nosso amor e loucuras longe daqui

 Dorli Silva Ramos

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pingos de esperança


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Enquanto tu puderes ouvir o gotejar no telhado, sentires  o cheiro molhado da terra, vires o Sol, 
sintas um ser privilegiado, tu estás vivo.
Enquanto tu vires o nascimento do sol brilhando no horizonte,
sintas o presente do Criador por mais um alvorecer.
Enquanto tu sorrires tal uma criança, sentires a fragrância das flores do teu jardim,
 sintas ser agraciado, pois teu coração ainda bate pela vida.
Enquanto tu sentires saudades de alguém, dos seus trejeitos ao falar, 
sintas teu coração aliviado, pois teus bons sentimentos não acabaram.
Enquanto tu conseguires te olhar no espelho e sentires que tua vida valeu a pena,
sintas os resultados dos teus bons feitos nas trilhas das tuas rugas.
Enquanto tu acompanhares a exuberante saída do pôr do sol,
sintas que a beleza da natureza ainda brota no teu coração.
Enquanto ouvires o barulho do vaivém das ondas do mar e o seu cheiro,
sintas a delícia da água gelada molhar teus pés, pois ainda consegues andar.
Enquanto tu sentires a brisa gelada molhar teu rosto cansado  e suado pela labuta da vida,
sintas que a vida te sorriu, dando-te momentos únicos.
Enquanto tu conseguires sorrir para teus amigos que vierem te visitar,
sintas que tu realizaste na vida só alegrias para teu viver.

Sintas que eu te desejo tudo isso!!!
e um belo alvorecer
todos os dias



Dorli Silva Ramos

Chuva que molha a terra e meu coração.


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Andando à toa pela estrada da natureza
Uma chuva fina começou a cair no meu ser
Debaixo de uma frondosa  árvore pus-me a pensar
Enquanto via os pingos caírem nas folhas a sorrirem

Bem lá no fundo do meu coração comecei a recordar
O tempo triste que morava no sertão, onde chuva fugia
Adorava minha moradia, um casebre de pau-a- pique
Mas chorava a fome da família, peito dilacerado, saí.

Vim morar pras bandas de cá, onde a chuva é boa
Minha rocinha verdinha, gado pastando e família feliz
Logo que a chuva passar vou seguir até minha roça
Lugar lindo, nascente com águas cristalinas à jorrar

À noite, na varanda, pego meu violão e choro saudade
Saudade do meu sertão e amigos que lá esperam chuva
Cartas mando para lá e amassadas voltam para mim
Amigo, sou sertanejo turrão, mas não deixo meu sertão

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Dorli Silva Ramos


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SENHORES VISITANTES E AMIGOS



Quem não leu meu conto
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Distinção por Mérito 
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Dorli Ramos 



A procura da Felicidade






Obrigada

Lua Singular

A busca...






Nesse mar azul e gelado eu clamo as estrelas
Venho à busca constante do meu eu interior
Por que nasci? Que vim fazer? O que fazer?
Busco respostas para poder viver normal

Nas ruas, no trabalho, nas festas sou charmosa
Encanto com meigas palavras os que me rodeiam
Todos querem ir onde eu vou e digo não. Por que?
A solidão tomou conta de mim. Me ajudem...

De repente no meio do mar, algo toca meu pé
Um medo subiu meu corpo, sinto deslizar-me
Mergulho o mar, ao ver aquela linda imagem
 Corpo semi-nu estremece, mas também aquece

Um jovem veio ao meu encontro e me beijou
Momentos de amor inexplicáveis invadiu corpos
Dois corpos sedentos de amor; o mar borbulhava
Estrelas douradas caíam em nossas cabeças. Achei.

 Dorli Silva Ramos

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Caminhando contra o vento





Meu nome é Larissa, era uma nenê feliz enquanto estava quentinha no ventre da minha mãezinha, que ao me dar a luz, morreu. Ninguém soube explicar o motivo, era uma jovem saudável, seu coraçãozinho parou à hora que eu nasci. A vida não nos deu tempo de nos conhecermos.
Papai ficou desesperado, precisando trabalhar deixou-me aos cuidados da vovó. Enquanto estava lá, fui crescendo com saúde e muito amor. Fiquei com vovó até os cinco anos.

Papai conheceu outra jovem, casou-se com ela e foi me buscar para vivermos uma família feliz. Lucia era o nome daquela que seria minha segunda mãe. No começo tratou-me bem; passado uns três meses, queria sair às compras e eu era seu empecilho, tinha que me levar junto. Vi que já estava perdendo a paciência, um dia gritou comigo: se não fosse você eu seria feliz com seu pai.

Esperei os primeiros raios solares do amanhecer despontar e, só com o meu registro de nascimento e com a roupa do corpo saí por uma estrada que parecia não ter fim, nisso um vento forte começou balançar as folhas das árvores. Fiquei com medo. Mas, tinha que caminhar contra ele para chegar a lugar algum.
No instante que o vento se tornava mais forte, passou um carro com um casal, parou no acostamento e perguntou-me: Onde você vai criança, deveria estar com seus pais. Contei o ocorrido.

Parece que ninguém deu por minha falta, pois ninguém foi me procurar, nem o meu pai que eu amava tanto, fez nada, pois nem queixa na polícia foi dada, do contrário, o casal que me achou teria me devolvido e, com dez anos de convivência com eles, cresci cercada de carinhos e com três irmãs lindas que me amavam.

O tempo passou rapidinho, formei-me advogada e, uma surpresa preparada pelo destino iria me entorpecer na hora de receber o diploma. Todos parecíamos iguais com aquela beca preta, eu fui a oradora da turma, estava nervosa, pois nunca havia falado em público. Então comecei: 
Em primeiro lugar quero agradecer a minha mãe que me colocou no mundo que tivemos o desprazer de não nos conhecermos. Olhei pra cima. Agradeço aos meus pais que me adotaram e é  para eles que oferto o meu diploma com amor para guardarem em seus corações. O meu eterno agradecimento as minhas irmãs, colegas...

Enquanto fui fazendo minha oratória, alguém na platéia  estava irrequieto, suando, ao seu lado uma senhora um pouco familiar. Senti uma pontada no meu coração, sabia que era meu pai. No fim da oratória disse: A meus pais adotivos que me amam, cuidam de mim e estão me proporcionando esse momento único de alegria, quero dizer que os amo muito. Parei....Lágrimas debulhavam.Todos se entreolharam, desci até a platéia, em frente ao meu pai que chorava aos prantos disse: a você meu pai ofereço minha piedade.




Dorli Silva Ramos

Oh! Lua






Hoje eu me dispo das impurezas da Terra
O mar e o pôr do sol como testemunhas
Entro nesse mundo intransponível e opaco
Para satisfazer meu eu e distribuir meu amor

A noite está linda, água esfria meus pés
O tristonho coqueiro chora minha aventura
A Lua me recebe de braços abertos e sorri
Mulher corajosa e curiosa, venha me conhecer

Entro um pé cá outro lá, pés afundam na terra
Terra que mais parece um deserto, não um oásis
Uma chuva fina molha meu corpo, agasalham-me
Um coral de anjos brilhantes vêm saudar a visitante

Na Lua voei sem asas e pude ver toda Terra
De repente o Sol aparece para aquecer meu corpo
Por que lua, é a musa de homens apaixonados?
É apenas meu rodopio choroso e o brilho das estrelas

 Dorli Silva Ramos

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

No limiar do amor




No limiar do amor é uma ilusão
Problemas inexistem no começo do amor
A vida é feita de encontros frequentes
Há pressa dos beijos e abraços apaixonantes

Tudo é magia, corpo perfeito, ideia na lua
Será a única mulher perfeita a me fazer feliz
Sem a perda de tempo, traduzo o meu amor
Para uma vida cheia de paixões intermináveis

O tempo passa, convido-a para ser minha mulher
Seu sorriso a faz mais linda ao dizer o sim
Saiu d'm sonho para viver no meu modesto casebre
Nossos corpos em um só a concretizar as paixões

Um dia à noite cheguei ao meu acolhedor barraco
Onde está o meu amor? na mesa um triste bilhete
Nasci só para o limiar, perdoe-me, digo meu adeus
Chorei a ilusão perdida, o sonho desfeito sem amor


Dorli Silva Ramos

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Nem tudo são flores





A vida é uma luta constante, hoje ganhamos flores para perfumar nossos corações; amanhã elas murcharão e ficarão só os espinhos a  ferir nossas almas e; assim vamos vivendo de acertos e tropeços nesse mundo que é de todos nós.
Existem pessoas ávidas por sucesso que atropelam, se preciso for, até seus próprios pais, para chegarem aos seus sucessos que acham merecidos, esquecendo tais pessoas, que todos somos dotados de inteligências, às vezes, múltiplas, mesmo assim escorregamos num lamaçal de traições.

A falta de amor pelo próximo está se tornando uma rotina cruel entre os humanos, diferentes dos animais que os chamamos de irracionais, os quais lutam apenas para as suas sobrevivências; os humanos não, uns querem ser melhores do que Deus e fazem de suas vidas um turbilhão de asneiras e, depois de feitas, como só deu espinhos aos seus amigos, receberão deles desapego e desprezo.

Vamos plantar uma única flor e regá-la com carinho, deixando a divisão exata para cada ser humano poder ver a beleza do seu desabrochar, da sua fragrância, inebriando de bondade e carinho que nos foi semeado quando crianças; mas agora adultos não conseguimos mais parar uma fração de segundo para ver as maravilhas que Deus nos deu. O que fala mais alto é o sucesso e o dinheiro.

Muitos não gostam de plantas, mas semeiam a maldade humana, que mais parece uma tiririca que se alastra rapidamente nos seus neurônios impregnados de ódios e dissabores, sendo esses adjetivos escabrosos que não deveriam fazer parte do homem, pois, assim sendo, nunca se igualarão a doçura do canto do sabiá, o barulho das borbulhas das ondas do mar e nunca sentirão a brisa bater seus rostos, para aliviar o calor em dias de verão.

A correria para saber quem chegará em primeiro lugar no topo do sucesso é um desgaste emocional muito grande entre pessoas invejosas, pessoas essas, que passaram suas vidas no só querer, esquecendo que o mundo é feito de oportunidades para todos, é só batalhar sem precisar derrubar seu irmão na travessia para o primeiro lugar. Que lugar? Hoje, essas pessoas experimentam o gostinho do sucesso, amanhã outros ocuparão o seu lugar.

Terminando no tópico deste: Nem tudo são flores; vamos valorizar cada gotinha d'água que jogar na sua flor, pois só assim lá na frente encontrará seu merecido sucesso sem endurecer seu coração.


 Dorli Silva Ramos

O desprezo dói





Não existe sentimento mais atroz e dolorido que o desprezo em qualquer situação de vida, nesse caso que vou explanar é do homem para com sua mulher. 
Nos primeiros cinco anos de casamento, Rose e Luis viveram uma ilusão de amor com carinhos e beijos constantes, viagens e muitas festas. A única coisa que entristecia o casal era ele achar não poder ter filhos, pois ela fez todos os exames e não deu nada e, não queria adotar. Ele a chamava de minha loba, tamanha era a paixão que ela sentia por ele, paixão essa correspondida a qualquer momento por Luis.

Luis era um próspero empresário e na sua firma haviam mulheres lindas que praticamente se jogavam aos seus pés, chegando a petulância de convidá-lo à sair. Nunca aceitou, pois era apaixonado pela sua mulher. O tempo foi passando e Luis começando a cansar daquela rotina, sem nenhum objetivo que o fizesse animá-lo, decidiu em comum acordo separar-se da sua mulher, não que não a amasse, mas queria dar um "tempo" no seu relacionamento com ela. Ela fingiu que aceitou. Luis alugou um apartamento e na mesma noite foi embora.

Rose chorou muito aquela noite, é muito triste ser desprezada por alguém que tanto ama, mas o tempo foi passando, Rose, não deixou que ninguém percebesse sua tristeza e se atirou com afinco ao trabalho, não dando tempo que Luis permeasse seu pensamento.

Luis, por sua vez se vendo-se solto, cada dia saía com uma mulher, até que um belo dia uma garota disse que estava grávida dele. Mas como? Eu sou estéril... Não você não é estéril, minha amiga Rose trabalha num excelente laboratório, vamos amanhã lá fazer o exame de DNA e, os dois foram, mas como Luis era rico o exame ficou pronto em poucos meses e, realmente o filho era dele. Ficou feliz da vida.( o exame era falso).

No outro dia, bateu na casa da ex mulher, já entrou xingando e esbofeteando seu rosto, pois quem era estéril era ela, ele ia ser pai com outra mulher. Sou muito macho dizia ele e, você haverá de ficar sozinha para sempre, pois já está envelhecida e feia. Saiu. Rose prometeu não chorar, foi dar queixa na polícia e chamaram o seu marido para dar as satisfações. Explicou e o delegado deu seu veredicto: Você vai ficar preso na delegacia só essa noite, e amanhã bem cedo, antes do café, nós o levaremos ao médico para fazer todos os exames para conhecermos a verdade.

Depois do exame que Luis teve que pagar novamente, só que esse não era de DNA e sim de espermograma, tão logo estiver pronto mandarei chamá-lo. Passado uma semana Luis foi chamado à delegacia e o delegado muito docilmente disse a ele: O exame está lacrado, abra você mesmo para conferir. Ao abri-lo, chorou, não por ser estéril e sim por não acreditar na sua mulher. Rumou diretamente para a casa de Rose, bateu à porta.

A porta se abriu, ele quase caiu de costas, Rose estava toda produzida, linda com aquele vestido azul, aquele batom vermelho, ficou pasmado...Entre disse Rose.
Ao adentrar sua casa já com os olhos umedecidos, chorou copiosamente o seu engano. Você me perdoa? Nesse instante entra na sala um homem lindo e disse a Luis, perdoar ela perdoa, mas tão logo sair o divórcio ela será minha mulher.

Aí que da Luis, perdeu seu amor por estupidez...


 Dorli Silva Ramos


Solidão não escolhe sua presa





Atravesso a mesma ponte diariamente
Na esperança de encontrar uma solução
Maldita solidão fez morada na minha vida
Um vazio opaco tomou conta do meu ser

Sou linda... solidão, por que me escolheu?
Olho-me no espelho sem vontade de me ver
É um buraco que corrói meu cérebro adentro
Procuro e não consigo encontrar motivo algum

Minhas pernas tremem, eu só penso em dormir
Lá fora a vida está a me esperar com glamour
Minha boca fica amarga, minha vida acabou
Não tinha motivos para se impregnar em mim

Mas hoje vou dar um jeito de jogá-la da ponte
E passando por ela, coração acelerado, gritei
Suma da minha vida, vá pro fundo do rio
Quero amar, ser feliz e brilhar na ponte do amor

Dorli Silva Ramos

domingo, 6 de janeiro de 2013

A nudez do amor...





Despi-me do meu eu para ficar contigo, sofri um turbilhão de humilhações para poder concretizar meu amor contigo. Eras lindo e fogoso, me aquecia com teus beijos dominantes e, muitas vezes, brutos e inconsequentes, beijos esses que me deixavam voar às nuvens, me dominava com loucura e era assim que eu gostava do teu jeito de me amar.
Passou o tempo, já não mais linda como querias começou a caçoar do meu jeito bobo de fazer amor, pois ele queria ver sangue escorrendo dos meus lábios e ao beijá-los mordia-os até sangrar; e eu gostava do teu jeito bruto de me amar.

O tempo voou rápido demais para eu poder perceber que o teu jeito de ser não era normal para um homem querer ver sangue ao invés de carinhos e beijos suáveis e delicados. Fui perceber tardiamente que era um psicopata. Fugi. Sumi pelas veredas da vida com meu coração sangrando, pois por tudo que ele me fez eu gostava do teu jeito de me amar. Fiquei aos pés de uma frondosa árvore, quase semi- nua, pés descalços, quando ouvi uma voz: Te encontrei mulher, fugiste de mim e, com uma faca na mão veio a minha direção, nisso senti meu corpo levitar e aconcheguei-me num galho frondoso.

-Desça daí mulher, quero retalhá-la em pedacinhos minúsculos, comer da tua carne e beber do teu sangue até me saciar e, o resto que sobrar quero enterrá-lo numa cova rasa para que os cães famintos venham deixar teu esqueleto nu, para que eu saiba que tu nunca mais serás de ninguém. Minhas pernas tremiam, o medo era constante; nisso começou a chuviscar e numa fração de segundo grossas gotas batiam meu rosto a deslizar meu corpo semi-nu.

O pôr do sol estava sumindo e, antes que a escuridão temesse minha alma, ouvi uns latidos de cães que ao vê-lo embaixo da árvore atacou-o sem piedade, logo atrás alguns soldados chegaram para prendê-lo. De cima da árvore comecei a gritar e os soldados não tinham escadas para me tirarem de lá e, num ímpeto, como se tivesse asas fui baixando vagarosamente até o chão. Desesperada abracei o soldado e, desfaleci.

Acordei no hospital, meus pais choravam minha desgraça, mas também a emoção de poderem me abraçar e voltar para casa, pois era lá o meu lugar. Nisso alguém bateu à porta e ao abri-la, entra um lindo jovem de cabelos encaracolados, olhos negros como a noite e me entregou flores, foi aí que lembrei que era o soldado que por certo me carregou no colo até a viatura e me trouxe ao hospital. Meus pais agradeceram e saíram sorrateiramente do quarto.

Meu nome é Willian e vim saber de você e com a delicadeza de um anjo beijou minhas duas mãos juntas e me disse: eu sempre te amei; nesse momento tudo rodou a minha mente, pois aquele jovem era meu colega de escola que sempre dizia que iria casar-se comigo, então sorri. Passei a mão no seu rosto e, muito fraca, adormeci.

Dorli Silva Ramos

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Seu cheiro me desperta emoções



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Todos os dias, por volta do crepúsculo do entardecer você passa em meio  as folhas secas, altiva, sem olhar para lado algum. Você vai, mas deixa impregnado no meu ser seu cheiro de mulher, que me desperta muitas emoções. Quem é você mulher que não fala com ninguém? É de carne ou é uma bela miragem do oásis. Não, oásis não pode ser, pois você faz esse caminho todos os dias perto da minha casa, já tentei te seguir, mas seus passos são ágeis e, de repente desaparece do nada, assim como mata minha vontade de tocá-la, beijá-la, saber seu nome, de onde vem, saber tudo.
Por vários dias passei por esse martírio, tudo igual, não consigo alcançá-la. Ah! Já sei o que vou fazer, amanhã eu lhe pego mulher.

Acordei cedo e fui a procura de um tronco bem comprido, de cor tal as folhas secas e se encontrar irei colocá-lo no seu caminho, quem sabe você caia na minha armadilha, pois já não aguento mais ver tanta beleza e seu perfume inebriante me faz ver estrelas durante o dia. Achei o tronco certinho e cuidadosamente, sem fazer nenhum barulho coloquei-o na sua trilha e, fiquei a tarde inteira a sua espera e você não apareceu, fiquei totalmente decepcionado, tanto trabalho pra nada.

O crepúsculo do entardecer estava perto do horizonte e cansado cochilei alguns minutos e, de repente aquele barulho de folhas secas. Acordei rapidamente, o pôr do sol, meu companheiro iluminou aquele lugar, e caída no chão, não acreditei: era ela, caiu na armadilha, olhou para mim e sorriu. Ao abrir a sua boca, dela saiu um hálito de vinho, no qual fiquei entorpecido, criei coragem, ajoelhei-me ao seu lado e perguntei:
- Quem é você que me deixa louco, teu cheiro me deixa zonzo revira minhas entranhas quando passa por mim e não me olha? Ela então respondeu:
- Sou a deusa das campinas secas e quem conseguisse me derrubar, seria meu para sempre, mas muito longe daqui.

Assustado, afastei-me um pouco e ela agarrou-me com uma força brutal para uma mulher tão linda como era e, ao me tocar suas suáveis mãos pareciam de veludo a percorrer meu pescoço e, me beijou. Fiquei completamente apaixonado e os beijos e abraços mais intensos e seu cheiro fez de mim seu homem e ela minha mulher. Desfalecemos ao descanso nas folhas secas.
-Eu me chamo Dora, disse a mulher e moro numa casinha com um regato e muitas flores, lindos animais, árvores frutíferas, enfim, lá é meu paraíso que quero dividir com você e sem pensar duas vezes, caminhamos junto ao lugar prometido. Quase desmaiei ao ver a deslumbrante beleza daquele lugar. Ali moravam casais com seus filhos a brincarem no regato com os peixinhos. Ali estou até hoje. Ficou com inveja?... Venha pra cá!  


Dorli Silva Ramos

Um novo amanhecer para uma princesa...





O alvorecer começou a sorrir na floresta e mais um dia que não encontro minha princesa, que saiu à passear na floresta, já há dois dias e contratei todos os meus súditos para saírem a sua procura e, nada.
Meu coração de príncipe é igualzinho a de qualquer um: chora, sofre e sente saudades.
Ela é meu pôr do sol, uma chuva gelada em dias de calor e furiosa como as ondas do mar.
Fez uma proposta aos meus súditos de quem encontrasse sua princesa daria de presente um outro reino que tinha em outra região. Todos saíram a sua procura.
Um passarinho ouvindo isso, foi correndo e percorreu em um dia todas as florestas do reino e a encontrou perdida e chorosa e a escondeu numa nuvem muito densa até passar aquele turbilhão de procura. Esse passarinho era um serviçal do príncipe que por ela se apaixonou e, não podendo concretizar seu sonho fugiu no momento que o rei mandou a bruxa transformá-lo em um passarinho insignificante.
Passado alguns meses, o príncipe já raivoso por não achar sua amada, saiu a pé por uma estrada onde encontrou uma horrorosa bruxa e ela lhe disse de joelho: 
- Meu príncipe, enquanto o senhor não retirar o feitiço do serviçal a princesa do seu coração não voltará, ela está bem escondida e, só eu posso desfazer o feitiço.
O príncipe, meio com nojo daquela bruxa horripilante e asquerosa mandou a bruxa fazer o serviço e ela respondeu:
-Meu príncipe, meu preço é muito alto, pois ela é a sua maior riqueza, o príncipe, então, disse a bruxa que lhe daria um castelo para que ela colocasse todos os bruxos, mas ela quis a recompensa antes de trazer a princesa, o rei desesperado deu a um castelo muito antigo e feio num reino bem longe dali.
A bruxa pediu-lhe três dias para fazer o feitiço e, assim ficou combinado o acerto da entrega da princesa.
A bruxa adorava a princesa, foi procurar o passarinho, ao encontrá-lo,  desfez o feitiço e ele era novamente o jovem mais lindo do reino que, por infelicidade se apaixonou pela princesa que iria se casar com o príncipe.
Então, a bruxa apiedou-se do casal e deixou-os morar no castelo que ganhara do príncipe, deu a eles uma par de asas brancas e rumaram para aquele fúnebre castelo.
A princesa, muito cuidadosa, transformou aquele castelo num ninho de amor e com seu amor se casou e moram felizes até hoje nesse castelo. Agora vocês me perguntam, por que a princesa fugiu de casa, ia se casar com um príncipe e ser a princesa de vários reinos? É porque o príncipe comprou-a de seu pai e, tão logo ficou sabendo fugiu, pois ela era uma pessoa e não uma mercadoria qualquer.


Dorli Silva Ramos

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Paixão à moda antiga...





  Era 1950. Desde a mais tenra idade, Glória era a sensação do Grupo Escolar, com suas pernas grossas,  menina linda da cor de jambo, olhos da cor das matas e um sorriso maroto de quem não quer nada ,seu rebolado forçado para chamar a atenção dos garotos da escola era um delírio safado.
  Cursava a quarta série do curso primário e, na hora do recreio, enquanto todos lanchavam ou tomavam aquela deliciosa sopa, cadê Glória? Ninguém sabia do seu paradeiro e ao dar o sinal, toda suada corria à lavar seu rosto no "cochinho" e, ao seu lado perguntei:
  - Onde estavas Glória? Nada respondia.

  Andávamos em fila sem conversarmos até a sala de aula. Cada uma, em silêncio profundo, até adentrarmos a sala de aula e ocupar nossas carteiras. Engraçadas eram aquelas carteiras grudadas para dois alunos  e, como nós éramos as mais altas da sala, sentávamos atrás na primeira fileira.
  Glória era menos inteligente do que eu e, nas provas, como gostava muito dela, ela copiava quase minha prova inteira. Nós tirávamos as melhores notas.

  Um dia, logo após entrarmos à sala de aula e, ao sentarmos Glória amarelou.
  - O que foi perguntei a ela? - Acho que fiz xixi nas calcinhas.
  Levantei a mão e fui conversar com a professora, explicando o motivo do constrangimento de Glória e, a professora pediu que eu fosse atrás dela, para que ninguém desconfiasse; direto para o banheiro.
  Não era xixi, não, a Glória com apenas dez anos e alguns meses estava de "paquete", era esse nome que se usava quando a jovenzinha ficava mocinha. Ela chorou.

 Sua mãe , toda atenciosa, levou-a ao medico e ao examiná-la o médico percebeu que não era "paquete", a menina tinha feito o ato sexual com o mocinho da escola, no banheiro.
  A menina ficou na sala de espera e entraram os pais para conversarem com o médico; ele explicou o que havia ocorrido e duas lágrimas de sofrimento rolaram do rosto de sua mãe, que não pode demonstrar ao pai.

De volta a casa, ninguém falou nada, o dia foi normal e quando a mocinha foi beijar os pais para ir dormir, ele se esquivaram. Então percebeu que no outro dia qual seria o seu destino, pois na época uma mocinha que se "perdia", ia direto para a "Zona", sabendo disso, trancou a porta do quarto com a tramela, arrumou algumas roupas numa horrível mala preta, pulou a janela e sumiu...Ninguém perguntou mais dela

  Passaram-se trinta anos, estava eu com meus filhos brincando num parque, quando percebi que uns olhos azulados não paravam de me olhar, fiquei intrigada; levantei-me e a reconheci.
  - É a Glória? Sim sou eu mesma, fugi de casa porque "zona" não era lugar para mim, passei na casa de Jonas, aquele garoto da escola e, sua mãe me recolheu. Mudamos para bem longe e aos quinze anos nos casamos. Jonas é um ótimo marido e temos filhos sadios.

  Chorei de saudades que tive da minha amiga, que tinha no corpo da chama da paixão incontrolável e, quase perdeu sua vida num bordeaux.
  Hoje, os tempos são outros, os pais antes machões, hoje são mais humanos...


Dorli da Silva Ramos
  

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Somos vidros com vidas...






Somos grãozinhos de areias e, não longe, grandes pás nos jogam em caminhões para nos levarem a fábricas de vidro sem nenhum dó, eu, particularmente sou o pontinho menor que se encontra numa praia ou uma duna deserta ou em solos arenosos. Ao chegarmos à fábrica o sofrimento começa, nos separam e vamos para a fundição. Meu Deus! Penso. Vão nos derreter e sentindo um calor insuportável, todos os grãos chegam a desmaiar.

Pronto, tudo consumado...Nos tornamos lindas taças de vidros para enfeitar as festas, principalmente as de finais de ano e nos  enchem de vinho, outros de champagne francês, enfim cada um tem o seu gosto.

Algumas taças, como nós somos de sorte, moramos numa mansão de bordeaux, onde há muitas mulheres bonitas e homens elegantes, todos perfumados e aos pares em mesas, nos pegam, nos cheiram, nos  beijam para degustarem vagarosamente até o seus corpos esquentarem, depois nos deixam abandonadas nas mesas e saem para concretizarem suas paixões, ficamos enciumadas, mas inebriadas pois beijamos muitos lábios quentes e coloridos.

Bebemos as ilusões dos noivos nas festas de casamentos, quantas mentiras eles prometem e, depois de alguns anos bebendo o amor, nos abandonam num cantinho qualquer à beber o fel da separação. Só não há briga na separação das taças de vidros, mas nós duas acostumadas a bebermos desse amor, nos estilhaçam no  chão fazendo de nós cacos que serão jogados em lixões. Foram as nossas mortes.

Mas, sempre haverá um consolo para os vidros em geral, pois eles não se transformam só em taças e sim em: copos grandes, pequenos, enfeites  suntuosos, aparelhos domésticos, enfim continuamos com nossa descendência a brilhar o amor, a festa de final de ano o belo reveillon.

Portanto, a vida dos vidros não é muito diferente das dos humanos, a única diferença é se um copo de vidro quebrar, outro no lugar surgirá e não é assim que acontece com os humanos


Minha simples participação a convite da Cris Henrique: 
Partindo de um copo de vidro

http://www.oquemeucoracaodiz.blogspot.com.br


Dorli da Silva Ramos


O gosto amargo do vinho




 Na sala esperava alguém para comigo brindar a passagem do ano de 2012. Como era de costume , ela vinha toda de branco, enchia as duas taças de vinho. 
Olhava o relógio, era exatamente meia noite, os ponteiros cruzavam e o cuco transbordava de alegria à respirar o ano que iniciava e, num ímpeto a campainha tocou. Era ela... saí a passos largos e ao abrir a porta, uma decepção: um mensageiro com uma carta, ao abri-la desfaleci, pois nela estava escrito: cansei da sua taça de vidro e de seu vinho tinto, estou com outro numa mansão brindando a chegada de 2013  e, nesse exato momento degusto do champagne francês em intervalos com cerejas e beijos apaixonados.Enlouqueci.

 Vagarosamente caminhei até a mesa, olhei as taças que estavam numa cristaleira artesanal, peguei uma , lavei-a e coloquei encima de uma simples mesa. Sentei-me, enchi a taça com um vinho tinto barato, da cor do sangue, dar cor do ódio e, num súbito fechei uma das mãos, dei um soco na taça, devo ter desfalecido.

 Num hospital particular, percebia estar e via vultos, recolhendo cacos de vidro do meu corpo. Suei de medo. Será que estou morrendo? Ouvia uns murmúrios dentro do meu corpo e pude ver cacos de vidro brigando para sair primeiro de dentro do meu corpo, foi quando ouvi um caco dizer: Como os humanos fedem por dentro, se eles sentissem seus odores fétidos, não seriam tão orgulhosos. E um a um com pressa, chegava perto das pinças para serem retirados, foi aí que ouvi alguém dizer: esse está limpo. 
Acordei da anestesia e vi meu irmão, que por sorte era muito rico, veio ao meu socorro.

 Conversou baixinho comigo e me deu um conselho: mano mulher nenhuma merece tal sacrifício o qual  submeteu, pois a vadia da sua namorada era minha amante e vi quando ela escreveu o bilhete deu para eu ler e riu da sua desgraça. Ela não sabia que éramos irmãos.De repente ouvi uns gemidos. Era ela! A vadia que eu amava, quero matá-la... O irmão sorriu e disse:
 - Não vale a pena, mulheres como estas merecem sofrer mendigando uns tostões para sobreviverem, olhou para mim e sorriu. Senti firmeza nas sua palavras, nisso estava morrendo de sede.
 A enfermeira, toda de branco, trouxe-me numa bandeja um copo com água cristalina. 
- Não, disse à enfermeira, de hoje em diante, só tomo bebida em caneca de alumínio.


Dorli da Silva Ramos

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Procurando um amor





Nesse lugar sombrio e assustador
Onde árvores sonham com o nada
É nesse jardim opaco onde eu vivo
Impregnando-me de tristeza e solidão

Estou só, à procura de alguém especial
Que tenha um cavalo branco com asas
Para conhecer todos os reinos do mundo
Quem sabe pelo cavaleiro me apaixonar

Nesse instante ouvi um cavalgar diferente
Montado num cavalo branco, eu deslumbrei
Ao abordar-me disse estar a minha procura
Era um jovem lindo com os olhos cor de mel

Colocou-me no cavalo e  asas se abriram
Senti medo, segurei-me em seu corpo ardente
Debrucei minha cabeça nos seus ombros fortes
Descemos à noite numa relva e nos amamos

Dorli Silva Ramos