O tempo passou rapidinho, nem percebi que meu bebê já fez dezoito anos é uma linda jovem, inteligente e bonita como o pai...Pai?
Eu era uma jovenzinha ingênua e linda que foi fisgada por Artur, lindo jovem que trabalhava numa companhia itinerante de asfalto, jogou-me seu olhar sedutor, fiquei seduzida e na minha ingenuidade marcamos um encontro à tarde num barracão abandonado, onde à noite todos os empregados subalternos atiravam seu colchonetes no chão, e muito cansados, dormiam.
Foi numa tarde de outono, onde meus passos acelerados entre as folhas secas caídas no chão, faziam um barulho gostoso de se ouvir. Cheguei.
Perto do barracão, Artur veio ao meu encontro com aquela pele bronzeada pelo sol escaldante e seus olhos verdes, chegando perto beijou meus lábios, estremeci, pegou em minhas mãos e adentramos ao barracão.
Chegando, no chão vi um colchonete novinho cheio de pétalas de rosas. Ali mesmo começou sua urgia e vagarosamente me possuía, pois era minha primeira vez. Beijou-me com uma delicadeza incomum nos homens de antigamente. Me apaixonei.
Então, Artur marcou outro encontro no outro dia no mesmo horário. As horas não passavam, mas finalmente no outro dia, passando na mesma trilha de folhas de outono, só notei uma diferença: as folhas estavam molhadas, choveu à noite e eu nem percebi.
Entrando no barracão vi uma carta num colchonete. Peguei-a e, com o coração acelerado saí correndo entres as folhas molhadas, ali mesmo sentei e li.
Minha querida bobinha:
Você foi mais uma da coleção de mulheres que possuí nesse meu trabalho itinerante. Foi bom, mas adeus.Chorei, minhas lágrimas juntavam-se com ás águas da chuva, formando ali uma poça de decepção.
Hoje, já refeita e bem casada, fui fazer uma faxina no meu baú, encontrando a carta de Artur, não chorei, pois meu coração estava cicatrizado, ateei fogo nela, pois há tempos já tinha virado mais um capítulo da minha vida.
Dorli Silva Ramos